Máquinas na Paisagem
Projectar numa paisagem tão impressionante, como a do novo eixo Serra do Pilar | Cais de Gaia, aliada ao entendimento da complexidade tecnológica de um teleférico, constitui-se como desafio desta intervenção.
O projecto busca uma síntese de exigências e conquistas da técnica com o desejo de uma intervenção de impacto mínimo. Neste sentido, investiga-se o diálogo entre a criação de um novo eixo urbano – axial, funcional e visual –, caracterizado pela introdução de um movimento fortíssimo na paisagem e o tecido urbano sedimentado.
Esta tipologia com uma abordagem lúdica e funcional, considera a dinamização local ligando as caves de vinho do Porto e a marginal, situadas à cota baixa, ao metro e à Serra do Pilar, situadas à cota alta. Trata-se verdadeiramente de uma única peça, em dois actos.
Estação Baixa – Tensionamento
A implantação do edifício da Estação Baixa na marginal do rio Douro privilegia o uso público do espaço melhorando a acessibilidade, para o qual também contribuiu a concepção da peça sobrelevada que constitui a plataforma de embarque | gare do teleférico. O conceito arquitectónico da estação baixa reside numa estrutura simples e pragmática inspirada na ossatura de um barco: um esqueleto de aço com ripados verticais de alumínio suspenso sobre uma estrutura central (quilha) em betão, formando duas grandes consolas. A colocação de duas escadas rebatíveis e suspensas tornam estanque o edifício quando o serviço está encerrado, sem ser necessário recorrer a vedações, garantindo a segurança do espaço.
A forma arquitectónica surge como marcação da axialidade própria deste tipo de equipamento, onde o eixo imaterial – do movimento ao longo do trajecto em cabo – coincide com o eixo físico e estrutural do edifício que incorpora os postes da Estação. O eixo estrutural de suporte dos edifícios é também eixo infra-estrutural, concentrando diferentes equipamentos de apoio ao teleférico (bilheteiras, posto informativo, sanitários, quiosques), enquanto a plataforma de embarque surge sobrelevada. A forma ritmada dada pelo ripado confere uma aparência mutante ao objecto, com suaves efeitos ópticos de transparência e opacidade conforme o ponto de observação e de acordo com as mutações de luz ao longo do dia, introduzindo-se o ritmo, a cadência, o tempo, o muito que se vê e o muito que se oculta.
Data2011-2012
ClienteTELEF, Transportes por Cabo e Concessões
LocalizaçãoVila Nova de Gaia, Portugal
Área411 m²
ArquitecturaFrancisco Vieira de Campos e Cristina Guedes
Coordenação de ProjectoFrancisco Vieira de Campos
Equipa de ProjectoFrancisco Lencastre, Cristina Maximino, Adalgisa Lopes, Joana Miguel, Inês Ferreira, Pedro Costa, Ana Matias, Ana Leite Fernandes, António Ferreira, João Pontes, Luís Campos, Mariana Sendas, Tiago Souto e Castro, Miguel Brochado, Pedro Azevedo
Estruturas Miguel Guimarães – Struconcept, Lda
Instalações HidráulicasStruconcept, Lda
Instalações Eléctricas, Segurança e TelecomunicaçõesRGA, SA
Condicionamento AcústicoProensal, Lda
Equipamento do TeleféricoDoppelmayr Seilbahnen, GmbH
PaisagismoLuís Guedes de Carvalho
Tratamento de ImagemRicardo Cardoso, Óscar Ribas, Diogo Lage
Design de ComunicaçãoFrancisco Providência
FotografiaAlberto Plácido