museu da baviera

alemanha

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A CASA DO FUTURO PARA A HISTÓRIA DO PRESENTE

I – Contexto e Atmosfera


O conceito de Kunstwollen está presente no projecto do Museu MdBG desde o enquadramento à organização programática e materialização do edifício.
A arquitetura do complexo cultural Museu/Bavierateca da cidade de Regensburg projeta-se com uma intenção de fazer cidade, uma cidade que é por excelência o lugar das passagens, da vida auto-geradora (Walter Benjamin in Das Passagen-werk). Neste sentido, a intervenção explora a capacidade da arquitetura e do urbanismo para irradiar um acontecimento cultural, aceitando que a transformação deste lugar resulte num estímulo de optimismo e de fruição recíproca entre o rio, o museu, a cidade e o público em geral.
Tirando partido da localização de excelência, junto ao Danúbio e perto da Catedral, o novo Museu constitui-se como um marco urbano para revelar a narrativa histórica no seu interior.
O museu da Baviera permite a compatibilização de várias escalas. O edifício eleva-se do solo numa suspensão imponderável, constituindo-se como uma plataforma de grande liberdade / flexibilidade do espaço coletivo, permitindo uma interligação com a escala e circuitos locais. A massa suspensa de cobertura polimórfica recria uma “nova monumentalidade” da frente de rio relacionando-se directamente com a escala da catedral.
À semelhança dos monumentos locais, o Museu dispõe-se paralelamente ao Danúbio e com acesso principal pelo topo Poente. Aqui, uma grande consola convida à entrada permitindo criar uma grande área coberta exterior multifuncional.
A atmosfera do MdBG apresenta coberturas com geometrias irregulares einclinações dramáticas que se inspiram nos Alpes alemães e na formalização neogótica de Unser Kini (“QUERIDO REI” referência em dialéto Bávaro a Luis II.)


II – Conceitos ePrincípios programáticos


MdBG
A topografia do edifício é uma transição gradativa que corresponde a uma transposição honesta entre o exterior e o interior.
Foyer (fluidez, liberdade)
O piso térreo é fluído e pode ser fruído pelo cidadão comum. Neste nível encontram-se as funções públicas acessíveis sem restrições (foyer, recepção,restaurante, loja). As membranas de vidro são interativas e funcionam como uma pele onde os conteúdos expositivos e culturais podem ser disponibilizados,dando-se a conhecer ao público e à cidade.
Junto à entrada do Museu, e em contraponto com a horizontalidade do foyer, há um momento onde se revela a altura total do edifício, incutindo um dramatismo e uma espacialidade vertical inesperada no espectador, capaz de interagir com os vários níveis expositivos: showroom, exposições temporárias e exposição permanente.
Espaços Expositivos (massa suspensa)
Uma construção consciente do desejo de máxima flexibilidade só é possível dentro de uma ordem / métrica rigorosa. Assim, a regra métrica define a estrutura, organiza o programa e os princípios da espacialidade.
Exposição Temporária / Flexibilidade – a organização espacial é adaptável ao programa, com zonas de exposições temporárias, sala de eventos e museu pedagógico. Trata-se de uma arquitectura não impositiva onde os pavimentos e tectos infra-estruturados e paredes móveis dão liberdade a vários tipos de organização espacial. Há ainda possibilidade de eventual ligação com a Bavierateca e com o Restaurante;
Exposição Permanente / Permanência – a métrica do espaço respeita a narrativa proposta no programa: os conteúdos programáticos das diferentes gerações que constituem a identidade Bávara traduzem-se na expressão volumétrica do museu e nos sheds da cobertura, tratados plasticamente, permitindo individualizar o efeito cénico de cada sala/geração com uma transição volumétrica gradativa.
Espaços intercalados permitem coincidir os espaços de exposição com os espaços de circulação.
A alma do Museu revela-se através de um percurso ascensional que remete para uma viagem no tempo e que atinge o seu auge no espaço dedicado ao Céu da Baviera, onde uma lente gigante aumenta a leitura das nuvens, dos pássaros, das estrelas… do céu.
Bavierateca
Este edifício integra-se no conjunto do Museu, permitindo articular as preexistências habitacionais, que agora recebem os serviços administrativos do complexo cultural. A manutenção da Trunzergasse garante uma zona de atravessamento condicionado que permite a entrada na Bavierateca, cruzando o Museu e prolongando-se até ao rio.


III – Construção e materialidade


A construção e materiais do Museu traduzem simultaneamente uma componente histórica e, uma predisposição contemporânea: o pesado e o leve, o opaco e o transparente, a pedra e o vidro.
Está presente uma dupla condição: a massividade dos volumes e geometrias verticais, típicas da tradição bávara, e a leveza e interactividade como atributos do futuro: ecrãs tácteis, projecções e vídeos, o recurso à multimédia.
Fortemente ligado com a oferta turística e com a proximidade ao cais do Danúbio, o Museu contará com a projecção de conteúdos multimédia nas suas fachadas. Explora-se aqui o carácter mutante dos planos opacos e transparentes,evidenciando os conteúdos das várias exposições e acontecimentos, de acordo coma agenda cultural do Museu.
A proximidade do rio inspira a utilização de brilhos e os reflexos como tema da fachada. Estas qualidades são potenciadas pela utilização da pedra de arenito de cor clara para ampliar a luz.
A utilização do padrão geométrico identitário da Baviera em pedra clivada polida procura a representação plástica de um fragmento de memória,reconhecível per si como parte da história local.
A fachada é simultaneamente funcional e simbólica. O padrão possibilita a criação de um filtro com aberturas para entradas de ar e luz, e apela ao sentimento de identidade e individualidade.
Ao longe, a fachada afigura-se como uma textura oclusa; ao perto, revela-se o relevo e a sua natureza táctil, tal como uma impressão digital, atribuindo um carácter único e irrepetível ao edifício.

Concurso2013

LocalizaçãoRegensburg, Alemanha

Área10.000m²

Menos é Mais Arquitectos Associados + OODA

Equipa de Projecto (Menos é Mais Arquitectos Associados, Lda)Francisco Vieira de Campos, Cristina Guedes, Cristina Maximino, Inês Mesquita, Pedro Azevedo

Equipa de Projecto (OODA)Diogo Brito, Rodrigo Vilas-Boas, Francisco Lencastre, Isabel Vincke, Luis Choupina, Filipe Estrela

EngenhariasGET

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