Vértice, Diretriz, Volume
Uma proposta para o Parque Calouste Gulbenkian
Como se desenha uma proposta a partir do “vértice sul” de um território tão marcante como a Fundação Calouste Gulbenkian?
Um vértice é um ponto (acesso) que marca o início de uma diretriz (percurso) e que atravessa múltiplos momentos de um corpo geométrico (volume). Estes são os três conceitos que trazemos a concurso, num gesto triplo que articula, respetivamente, contexto urbano, paisagem e arquitetura. Nessa intersecção, procuramos resolver o novo acesso sul ao Parque da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), ao Museu da Coleção do Fundador, e ao espaço para a Coleção de Arte Moderna, edifícios cujas arquiteturas, ainda que distintas, se revisitam nesta proposta.
VÉRTICE
Um novo acesso ao Parque Calouste Gulbenkian
No vértice do terreno, agora anexado ao conjunto existente, criamos um momento urbano, uma pausa entre a cidade e a natureza, que nos convida a abrandar e a descobrir os espaços da FCG, desde uma nova entrada a sul.
Daqui, a solução apresentada retoma a diretriz norte-sul, da propriedade original, recentrando o edifício da Coleção Moderna (ex-CAM), enquanto elemento mediador entre a topografia do Jardim CG e a do antigo Parque de Stª Gertrudes. (desenho do chão)
DIRETRIZ
Um eixo 'mergulhante' no parque e no Edifício CM
A nova diretriz norte-sul desenvolve-se até à retaguarda do Edifício CM (Coleção Moderna), agora convertida na nova frente do conjunto, e desdobra-se em dois percursos: um, descendente, acompanhando a pendente do jardim, e 'mergulhando' sobre um lago ali proposto; e outro, suspenso sobre esse lago, um percurso 'cinemático' elevado, que gera o novo Átrio. Este materializa-se em betão aparente, assumindo perspetivas sincopadas: a clareira, o antigo poço, o lago oitocentista, o edifício refletido e 'flutuante' sobre o novo lago, culminando no Átrio, um 'periscópio' que se abre sobre a vista do Parque CG e do Anfiteatro Exterior, a norte.
VOLUME
Uma extensão em diálogo com o CAM e o Museu da FCG
O novo volume de extensão, projetado sobre a paisagem, reforça o programa museológico do Edifício CM - o qual é alargado e reestruturado nas suas galerias. Tratando-se de uma 'adição', ele não procura ruturas com os edifícios existentes; pelo contrário, o seu desenho interior aproveita a estrutura e o 'jogo' de meios-pisos idealizados por Leslie Martin, no CAM, na década de 1970. Na sua linguagem e materialidade, o volume evoca, a massa compacta e neutra, em betão aparente, do Museu Calouste Gulbenkian, tal como proposto por Ruy d’Athouguia, Alberto Pessoa e Pedro Cid na década de 1960.
Estas opções partem, não de uma nostalgia mimética, mas antes de um diálogo cuidadoso com o melhor legado dessas arquiteturas precedentes. Delas, prolongamos a sua condição atemporal, para sempre ligada à (re)fundação deste lugar. Neste sentido, o novo volume 'flutuante', em consola, adquire duas dimensões: uma física, enquanto 'estrato' que consolida a nossa intervenção; e uma simbólica, enquanto 'estado' de suspensão da arquitetura no tempo.
Concurso2019
LocalizaçãoLisboa, Portugal
ArquitecturaCristina Guedes e Francisco Vieira de Campos
Equipa de ProjectoCarla Lourenço, Rodrigo Alves, Andrea Fornasiero, Gonçalo Castro, Inês Marinho Batista, Inês Mesquita, Ricardo Medina
ConsultoriaNuno Grande
PaisagismoJoão Gomes da Silva - Global Arquitectura Paisagista; Elisa Bosi
EstruturasHipólito Sousa - SOPSEC, Sociedade de Prestação de Serviços de Engenharia Civil, SA
Visualização 3DLuppa Design
MaquetaMenos é Mais + OPO-lab