Transparência
Situado na Ribeira do Porto, o Café do Cais faz parte da lógica dos elementos com carácter provisório que povoam a marginal do Douro, desde as barracas de comércio aos próprios barcos que ancoram no Cais.
A ideia de precariedade é acentuada pelo modo como o edifício está assente no chão: uma plataforma pré-fabricada de 40m x 10m solta-se do pavimento,delimitando e nivelando a intervenção.
Sobre esta plataforma, pousa o edifício, “um pavilhão” em vidro e ferro, que se afirma autónomo e abstracto.
Este pavilhão de vidro é interceptado a norte por duas caixas de ardósia, que contêm os serviços do bar e que pela sua dimensão, evocam as barracas envolventes.
Dada a sua grande extensão, procurou-se que o edifício desaparecesse,tirando-se partido dos efeitos do vidro: sua transparência e reflexos.
Em contraponto à forte carga histórica da envolvente, o edifício apresenta-se com a capacidade de omissão e de ausência – pelos materiais empregues e modo de utilizá-los. A estrutura é colocada de forma a soltar os cantos, fazendo-os desaparecer.
Visto de sul, o edifício como que desaparece completamente por detrás de um grande toldo, que camufla a laje de cobertura.
O carácter provisório desta construção – concebida para ter uma durabilidade de 5 anos – e a proximidade ao rio levou-nos a transpor para o projecto do deck, a linguagem do vocabulário náutico. As lógicas de afinação, as ferragens –manilhas, moitões, mosquetões, esticadores, cunhos e passadores – foram experimentados na construção dos toldos.
Concurso1º Prémio
Projecto1993–1994
Construção1994
ClienteAnimafoz, Lda
LocalizaçãoCais da Estiva, Ribeira, Porto, Portugal
Área400 m²
ArquitecturaFrancisco Vieira de Campos e Cristina Guedes
EstruturasLuís Durão e Paulo Queiroz
ConstrutorSPQ, Sociedade de Engenharia Lda
APDL e CRUARB
PromotorAPDL e CRUARB
FotografiaLuís Ferreira Alves e Luís Palma